quinta-feira, 17 de abril de 2008

Sonho Interrompido

A vida é tudo o que a gente quer, mas nem sempre é do jeito que a gente quer. O imponderável é uma constante que altera o rumo aparentemente certo e normal. No mesmo instante que estamos vivendo a maior alegria, um detalhe transforma o sonho em pesadelo, a festa em luto. No lugar da alegria sobram lágrimas. Foi isso que aconteceu com o simpático casal Jeová e Elisabeth. Faltando uma semana para dar à luz, eles viviam a expectativa do nascimento do seu primeiro bebê. Os preparativos, roupinhas, quarto, família, nome, tudo escolhido com intensidade e esmero. Nas responsabilidades médicas, tudo em dia. Era somente aguardar o momento do nascimento para começar a festa da vida. Aí viria o primeiro afago, os beijos, os banhos, o milagre da amamentação... Mas nada disso veio. Em lugar, um pequeno caixão branco e um funeral. Quem poderia imaginar? O cordão umbilical que o alimentou por mais de oito meses, foi o mesmo que nos últimos momentos da gravidez, enrolado em seu pescoço, lhe proibiu a vida. E toda a família e amigos morreram um pouco naquela terça-feira. A pergunta natural é: onde estava Deus quando o neném girava no útero? Porque Deus permitiu a gravidez se sabia, em sua onisciência, que terminaria de forma trágica? Às vezes a única pergunta no momento do sofrimento é: Por que Deus? Não tenho todas as respostas, e acredito que ninguém as tenha de forma conclusiva. Não me convence aquelas coisas do tipo “Deus sabia que ele um dia iria sofrer muito, por isso o levou”. Se assim o fosse, Deus teria levado todas as crianças que neste momento fazem tratamento no hospital do câncer. Não haveria sequer hospital para criança, ou mesmo Conselho Tutelar para atuar junto a crianças em estado de risco. Morreriam todas antes de nascer. Também quando alguém diz “Deus sabia que ele poderia dar trabalho”, sugerindo que a criança que morreu poderia se tornar um marginal ou coisa assim, fico pensando então que Deus falhou em seu controle de qualidade humana quando deixou crescer o Fernandinho “beira mar”, o “maníaco do parque”, Bin Ladem e toda a corja que habita o palácio do planalto. Imaginar que Deus queria o nenê com Ele lá no céu, soa pra mim como retórica no máximo agradável de ouvir, mas longe de ser verdadeira. Nessa hora, eu fico mesmo com a Bíblia e com aquilo que a fé cristã me ensina. Nós vivemos pela fé num Deus cuja essência é o amor. Ele é soberano em suas decisões. Sua vontade é boa, perfeita e agradável (Rm 12:2). Ele age, em todas as coisas, para o bem daqueles que o amam daqueles que são chamados segundo o seu propósito (Rm 8:28). Paulo afirma “de todos os lados somos pressionados, mas não desanimados, ficamos perplexos, mas não desesperados, somos perseguidos, mas não abandonados, abatidos, mas não destruídos” (2 Cor 4:8-9), “pois eu estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8:38-39), “pois dada à ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro” (1 Ts 4:16). De fato, “considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada” (Rm 8:18). O sonho foi interrompido, mas não desfeito. “Nós não somos dos que retrocedem... mas dos que crêem e são salvos” (Hb 10:39). A história ainda na acabou...
A Deus toda glória!

Graça e Paz
Pr. Damárcio Gutemberg Pereira
Primeira Igreja Batista em Passos

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