quinta-feira, 17 de abril de 2008

O drama da segundona

Os boleiros de plantão não têm outro assunto. Ver o Coringão cair para a segunda divisão do campeonato mais importante do Brasil foi participar de um momento histórico, de decepção e amargura para seus torcedores e de alegria e triunfo para seus desafetos. É inútil culpar jogadores ou técnicos. Talvez eles sejam, junto com seus torcedores, vítimas de uma gestão administrativa duvidosa que vaticinou sua queda antes do primeiro jogo do brasileirão. De tudo que cercou a pós-queda, o que mais me deixou perplexo foi a alegria dos “anti-corintianos”. Torcedores colorados se sentiram vingados pela maneira duvidosa de como o Coríntias sagrou-se campeão sobre o Internacional. Torcedores Palmeirenses abriram mão de protestar pela sua própria derrota nos gramados (não conseguiram vaga na “Libertadores da América”), à fim de comemorar o rebaixamento do maior rival. Botafoguenses, gremistas, atleticanos e etc., deixaram no ar uma satisfação do tipo “agora eles também vão experimentar o que é ser rebaixado e virar motivo de chacota”. Os demais torcedores perdem amigos, mas não perdem a oportunidade de uma “boa” piada contra os “gambás de segunda”. Por outro lado, ficaram as imagens marcantes de dor, choro e sofrimento de uma torcida que jamais poderia imaginar que algo assim pudesse acontecer. A TV mostrava rostos com expressões de incredulidade, decepção, revolta e questionamentos inúteis. Entre a dor de alguns e o prazer de outros tantos, aprendi algumas lições: primeiro, o ser humano tem um pendor natural pela vingança. Como no 11 de setembro em que o ocidente chorava enquanto parte do oriente médio festejava. A dor dos inimigos lhes é doce, e isso me parece preocupante; segundo, quando não é possível a própria vitória, a derrota do inimigo já serve para alegrar. Uma espécie mesquinha de troca do “meu prazer pela sua dor”; terceiro, quem está afundado em seus problemas gosta de ver outros na mesma situação. É a filosofia do Garfield, “se você quer parecer mais magro é só ficar ao lado de alguém mais gordo”. É assim que os companheiros de rebaixamento tratam a fiel corintiana. Na verdade, o que me parece é que todos esses sentimentos no fundo não passam de desejar o mal para o “inimigo” (inimigo vem entre aspas porque torcedor de outro time jamais é inimigo), e nisso, não há glória ou dignidade. É Jesus quem ensina a amar os inimigos e orar por aqueles que nos perseguem. Não que eu deseje ver a vitória de outro time que não seja o meu. Sou torcedor, e como tal, quero o triunfo do meu time, mas para por aí. Especialmente porque o assunto é só futebol, e futebol não é nada diante da imensurável aventura de viver a abundância da eternidade com Cristo. Aliás, fidelidade eu só dedico ao meu Senhor e a minha esposa. Para meu time eu dedico apenas minha torcida. Para todos os torcedores fica um fim de 2007 cheio de oportunidades para piadas entre amigos equilibrados e saudáveis. Para os derrotados, fica a oportunidade de provar sua grandeza, na quantidade e na qualidade de sua torcida.
A Deus toda glória!
Graça e Paz
Pr. Damárcio Gutemberg Pereira
Primeira Igreja Batista em Passos

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