quinta-feira, 17 de abril de 2008

Levirato

Havia a prática do casamento por levirato. O ano é 1727 a.C. e a descendência era levado muito a sério. Quando o marido morria sem ter tido filhos, a viúva era dada como esposa ao irmão do falecido, para lhe garantir o nome, a descendência e a herança. Essa prática fazia parte da “constituição” promulgada por Moisés, portanto era lei. Um homem teve três filhos. O mais velho se casou e antes de ter filhos, morreu. O pai deu o filho mais novo para se casar com sua nora, mas este também morreu. O pai temeu pela vida do terceiro filho e mentiu para sua nora. Disse a ela que quando este único filho que lhe sobrou estivesse grande, lhe daria como marido para suscitar a descendência da família. O pai – seu nome era Judá – pensou que sua nora, chamada Tamar, fosse uma espécie de viúva negra. Oriundo do hebraico, seu nome significa “palmeira”. Nada assustador. Passado o tempo, vendo Tamar que o filho caçula de Judá já estava bem grandinho, e que não lhe era dado como marido, bolou um plano novelesco: Judá foi à cidade onde morava Tamar para cuidar de negócios relativos à tosquia de seu rebanho. Então Tamar se vestiu de prostituta e aproveitando a fraqueza de Judá (ele estava viúvo já fazia algum tempo) deitou-se com ele. O pagamento seria um cabrito entregue futuramente. Como penhor, Tamar ficou com o bordão (uma espécie de selo de identificação) e com o cajado de Judá. No outro dia, “honrado” como era, Judá enviou o cabrito pelas mãos de um amigo, mas este não encontrou nenhuma prostituta. Judá então pensou que ela poderia vender o selo e o cajado e ter isso como pagamento. Despreocupou-se completamente. Três meses mais tarde mandaram chamar-lhe, pois sua nora estava grávida. Judá chegou cheio de razão e foi logo dando ordem para que tirassem Tamar para fora da cidade e a queimassem. Vê-la morta desta forma seria um triplo acerto: a vergonha do adultério seria aplacada, a morte de seus dois filhos seria vingada e de quebra, ele não precisaria dar o terceiro filho para aquela viúva negra. Quando estavam perto de queimá-la, Tamar mostrando o selo e o cajado disse em alto e bom som para todos ouvirem, mas dirigindo-se especialmente para seu sogro: “o dono deste selo e deste cajado é o pai da criança que carrego no ventre”. Dá até pra imaginar o silêncio rasgando o fim de tarde empoeirado e os rostos de questionamento encarando Judá, esperando uma resposta satisfatória. Responder o que diante dos fatos inquestionáveis? Ele realmente havia mentido para ela quando disse que lhe daria o filho mais novo. Ele realmente havia infringido a lei, ignorando o levirato. Ele realmente havia desconsiderado o nome e a descendência de seus filhos falecidos. Então, reconhecendo o erro ele disse: “ela é mais justa do que eu”. Tamar teve gêmeos. Perez (que significa “irromper”) era o mais velho, e Zerá (que significa “brilhante” ou “escarlate”). Histórias em que a justiça irrompe fazendo brilhar o caráter do Deus da Bíblia sempre me fascinam. O sangue escarlate derramado na cruz é a mais brilhante de todas as histórias. É o resgate da nossa descendência, do nosso nome e da nossa herança.
Em tempo, Judá, Tamar e seus filhos estão registrados no texto em que é descrito a genealogia Jesus (Mt 1:3).
Graça e Paz

Pr. Damárcio Gutemberg Pereira
Primeira Igreja Batista em Passos

Um comentário:

Unknown disse...

A Paz Pastor Damárcio, parabéns pelo ótimo artigo e pelo belo site. Que o Senhor JESUS CRISTO continue abençoando sua vida e família, e te usando cada vez mais poderosamente!